tag:blogger.com,1999:blog-76190460856245011162024-03-06T06:03:59.065+00:00Dancing on the kitchen tilesLúhttp://www.blogger.com/profile/13709515434553338695noreply@blogger.comBlogger36125tag:blogger.com,1999:blog-7619046085624501116.post-59233212791225776132009-05-25T02:26:00.000+01:002009-05-25T02:27:06.243+01:00Um, umaUma definição, pra quem a vida só é adjetivo.<br />Uma visão, pra quem na vida é cego e não quer ver. <br />Um conforto, pra quem da vida só tira desilusão.<br />Uma vida, pra quem do amor tira tudo, e não ganha nada.<br />Um amor, pra quem da vida, a vida, na vida, tudo é cinza, tudo é nada.Lúhttp://www.blogger.com/profile/13709515434553338695noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7619046085624501116.post-64610990468861504872009-05-05T01:21:00.000+01:002009-05-05T01:23:16.314+01:00PEra um tanto apaixonado pela docência, e aquilo me parecia estranho, para dizer a verdade. Abandonar uma carreira de sucesso para viver confinado em uma sala de aula, fornecendo o seu conhecimento a um bando de crianças que não tinha o mínimo interesse em absorvê-lo. <br /><br />Todos o achavam dócil e inofensivo, porque a paciência era sua maior virtude. Por isso, exageravam nas provocações, na rebeldia, para ver no que ia dar, testá-lo até vê-lo perder a paciência, que ele sempre mantinha, apesar de tudo. Mas havia algo que só eu conseguia enxergar. Os músculos tolhidos de atleta por vezes se tensionavam ao ouvir uma resposta mais ousada, e eu sentia que a violência contida estava prestes a aflorar. Temia que ele fosse perder o controle e proferir um golpe contra algum de nós.<br /><br />Um dia, quando um de nós lhe faltou com o respeito, mais do que o habitual, senti a tensão crescer, vi os tendões se tensionando e, numa grande confusão, em meio a gritos, vi o professor massacrando o pequeno rebelde. Sentou em sua cabeça, e a criança berrava de dor, gritava, e ninguém fazia nada. Não agüentei, e soltei um grito de desespero. Quando parei de gritar, vi que todos olhavam para mim. Foi então que pude ver com clareza, o professor ainda estava em sua posição inicial, com a cabeça de meu colega bem longe do seu alcance. O professor olhou para mim, tranqüilo, com os músculos e tendões bem relaxados, e sorriu. <br /><br /><br />(nem vou me dignar a postar coisas decentes, dica)Lúhttp://www.blogger.com/profile/13709515434553338695noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-7619046085624501116.post-19659813577006219032009-04-30T19:54:00.000+01:002009-04-30T19:56:53.446+01:00Queria mergulhar no mar dos teus olhos. Que olhos! olhos de mar, de mar caribenho, azul cristalino, profundo. Como pode? Tive medo de ir à deriva, de nunca mais voltar. Mas é o que mais quero, é ir adiante, ir para o teu alto-mar. Cadê teus olhos? Quando quero tanto me entregar. E como eu queria, me afogar, no azul do mar do teu olhar.<br /><br />BÃLúhttp://www.blogger.com/profile/13709515434553338695noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-7619046085624501116.post-18989922101585215612009-04-28T01:17:00.001+01:002009-04-28T01:17:49.373+01:00intertextualidade?Eis que leio no jornal: Menino morre atropelado. Um menino, apenas sete anos, estudante, favelado, morreu atropelado, e o motorista fugiu sem prestar socorro. O corpo continuou no local, esperando pela perícia, o corpo do menino que morreu atropelado. <br /><br />Morreu atropelado. O carro o atingiu em cheio, quando atravessava a rua. Chamaram a ambulância, mas quando chegou ao local, já não respirava mais o menino. O menino morreu atropelado. <br /><br />Um menino morreu atropelado. A testemunha (um menino) afirmou que a fatalidade (o atropelamento) ocorrera pela manhã, por volta das sete e meia, pouco antes do sinal da escola tocar. E o menino morreu atropelado. <br /><br />Um menino, era criança pálida. Criança franzina. Menino magro, de muito peso não era. Mesmo assim, era belo como um coqueiro, ou como o caderno novo quando a gente o principia. Trazia um caderno debaixo do braço, para ir estudar, seu sonho era ser professor. Mas o sonho foi interrompido, quando morreu, atropelado. <br /><br />Estava usando o uniforme da escola, quando morreu atropelado. Era menino pobre, de favela, mas era menino bom. Bom porque queria algo mais, não queria roubar, não queria matar, queria viver, queria ser bom. Era bom porque corrompia com sangue novo a anemia, infeccionava a miséria com vida nova e sadia. Mas morreu, atropelado, coitado.<br /><br />O assassino fugiu. Ninguém viu. E ficou ali, no chão, o menino, atropelado. Não é culpa de ninguém. A falta de policiamento? De quem é a culpa? De ninguém. Alguns passantes pararam para lamentar, alguns comentavam: O que aconteceu? Morreu atropelado o menino! Deixaram o menino na rua, morto. Deixaram o corpo, até que alguém viesse buscar, alguém que se responsabilizasse, e o menino foi morrendo, morreu. E o pobre garoto, naquela ruela, morreu atropelado.<br /><br />O menino, que morreu atropelado, era pobre. Criança. Pouco vestido, apesar do frio. Frágil. Ágil. Novo. Moleque da vila. Menino favelado. Morreu, um carro passou por cima, deu. Morreu atropelado. <br /><br />E pela manhã de terça, ao atravessar a rua defronte à escola, na Cidade de Deus, em Jacarepaguá, na zona oeste da cidade do Rio de Janeiro, um menino morreu atropelado. <br /><br />(creditos ao tio Sabino e ao tio Cabral :D)Lúhttp://www.blogger.com/profile/13709515434553338695noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-7619046085624501116.post-25990880141438239002009-04-15T01:43:00.001+01:002009-04-15T01:43:59.194+01:00Rapsódia sem sentidoVenham, Rapsodos, que não sei cantar. Minto, sei. Não sei é costurar. Faço coisas, falo fatos, faço retratos, mas não sei costurar. Sei cantar, o meu episódio. Sou Aedo, e cantar sei. Já disse que sei cantar? Pois minto, novamente. Cantar sei, mas não o belo. Canto coisas comuns. Não canto seus atos heróicos, não canto a grandeza. Pra falar a verdade, nem cantar canto. Falo, digo, declamo. Pura verborragia. Meu léxico é sem sentido. E tu, que sentido tens? Não faço sentido, fico sentido. Queria cantar, pelas musas me inspirar. Venham , Rapsodos, costurem meu poema, remendem-no, tratem de deixá-lo belo, para que possa eu fingir poeta, escritor, autor, criador.Lúhttp://www.blogger.com/profile/13709515434553338695noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-7619046085624501116.post-1137268835312479282009-04-09T03:02:00.001+01:002009-04-09T03:02:50.516+01:00Antebraços Braços (ante)braçosTinha ela uma tara por mãos e antebraços. As amigas lhe diziam que era uma fixação enganadora. Por quê? Porque de um antebraço forte e moldado poderia se tirar uma conclusão errada e ficar a imaginando um corpo escultural, baseando-se em um simples meio-braço. Mas que fazer? Se antebraços eram sua paixão? Nada. Enganar-se era sua sina. Ao ver das amigas, tirava conclusões precipitadas, mas ela não ligava muito. Por quê? Bom, digamos que, um corpo escultural não lhe despertava interesse. Talvez se fosse o de um fisiculturista, levantador de peso... Do mesmo, lhe chamaria a atenção pelo fantástico, e não pelo belo. Mãos também, ah, as mãos. Gostava de mãos grandes, gostava de mãos um pouco calejadas, que mostravam uma atividade, seja o trabalho pesado, a habilidade com algum instrumento ou o simples hábito de escrever demais. Ao conhecer alguém, antes se deparava com o rosto, claro, óbvio. Logo depois desviava o olhar para as mãos. Não queria medi-las para descobrir o tamanho de outras partes, mas só vê-las e admira-las. Um dia, achou um braço e um antebraço que lhe cabiam perfeitamente, a medida perfeita, o tamanho perfeito, o tônus bem moderado. Amava aquele meio-braço, ah, e como. Adorava o aroma suave que exalava. Pra falar a verdade, muito deixava a desejar no resto, mas ela não tinha tempo para isso, admirar-lhe os dedos já muito lhe consumia. Um dia, para ele, ser admirado por tais atributos se tornou demasiado cansativo, entediante.<br />- Luísa, me olha nos olhos, por favor?<br />Ela nem se deu ao trabalho, e aquilo foi a gota d’água. Deixou-a assim, simplesmente. Ela sentia falta do braço (não de todo), das mãos. Procurava outros braços pelas ruas, caía de amores por antebraços estranhos, sentia vontade de tocá-los. Ah, que sina! Andava meio que sem rumo, meio que vagando. Começaram a estranhar, tocava o braço de homens na rua, até de um mendigo uma vez, mas desistiu ao sentir o cheiro forte que as mãos dele exalavam. E na sua busca incansável por seu antebraço-par-perfeito, mão-alma-gêmea, deparou-se com seu antigo amor. Andava na rua distraído, o antebraço belo como nunca, as mãos fortes, viris. Mas quando o seu olhar encontrou o dele, ele sorriu, os olhos lindos, muito mais bonitos do que meros braços, mãos, antebraços. Luísa quis detê-lo, mas ele teve de seguir seu caminho. Ficou ela parada, atônita, sonhando com aqueles olhos, que nunca lhe haviam despertado interesse. Olhos? Como? E os braços? Chegou à conclusão de que: Nos braços se lê a alma? Não. Nos olhos a alma reside, e alma não precisa de braços. Nem de mãos. Nem de antebraços.Lúhttp://www.blogger.com/profile/13709515434553338695noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-7619046085624501116.post-31512474000468205052009-04-06T02:31:00.002+01:002009-04-06T02:40:04.383+01:00AnglophileEra eu meio sem ter um eu. Entende? Não? Tudo bem, eu explico. Com 7 anos lá estava , usando as mesmas roupinhas que as minhas coleguinhas de aula, com o mesmo corte de cabelo Chanel que minha mãe fazia há anos, devido à preguiça de me pentear. Não tinha muitos amigos, poucas pessoas me notavam. Não era triste nem nada, mas também não marcava ninguém. Me diga: Qual é criança que tem sua personalidade formada aos 7 anos? Poucas, muito poucas. Enfim, estava eu meio mimetizada no meio de todo mundo, não querendo chamar a atenção. Quando em um belo dia, em mais uma excursão à livraria com minha mãe, descobri algo mágico, um livro, mas não um livro qualquer, um livro que galgou o meu modo de pensar e a minha personalidade tão comum. Ali, conheci o meu clássico, como Ítalo Calvino definiria. A história do garoto que sobreviveu, da Rua dos Alfeneiros, de Hogwarts, expandiu meu pequeno universo. J. K. Rowling mal sabe o quanto ela mudou a minha vida, quanta gente ela influenciou e o quanto. A partir dali, conheci um novo mundo e criei o meu próprio. A verdade é que isso fez com que eu me fechasse ainda mais do mundo ao meu redor, mas e quem disse que eu ligava? Vivia sonhando, fui entrando em tamanho transe que, a um dado momento do percurso, me dei conta de que não poderia mais voltar. Meus sonhos eram povoados por histórias fantásticas, passadas em castelos. Sempre sonhava com uma viagem de trem, vendo os campos, os vales, a região dos lagos. Me imaginava andando por aí de sobretudo, com uma coruja empoleirada no ombro, quiçá sacando uma varinha e conjurando algum feitiço. Fui sempre sonhando com isso, escrevia livros sobre a minha amada ilha, qualquer coisa que viesse de lá era válida. Recortava fotos e informações de revistas de viagem, lia outros livros que citavam os meus tão amados castelos, filmes, alguns que mostravam as casas georgianas que eu achava tão belas. Fui crescendo, e, obviamente, fui me aproximando do chão. Comecei a ver os defeitos que a minha amada terra de sonhos possuía, comecei a me envergonhar das barbáries que eles haviam cometido contra outros, como se eu fosse nativa daquela terra, porque no meu coração, eu era. Ao mesmo tempo, comecei a conhecer melhor a língua deles, a apreciar a literatura tão aclamada. Fui me conectando a cultura, mais ainda do que antes. Comecei a ler os textos que eu tanto amava no original, e me senti mais próxima ainda. Nesses momentos, revivi a infância. Lendo também comecei a conhecer o outro lado, o lado real, os podres todos. Comecei a me encantar por Dickens e por sua crítica social, que me fazia ver que existiam muitos Fagins, Gradgrinds, Quilps etc. Pessoas que se aproveitam dos outros, repressores, e toda a sorte de vilanias que podem existir em uma sociedade. Fui me dando conta de que esses vilões todos não só existiam na literatura para maltratar Oliver Twist e assemelhados. Esses vilões existem na vida real, e em qualquer lugar. E, sabe, me dei conta de que esse meu mundo de sonho ficava tão mais legal com essas pitadas de realidade. Até que decidi ir ver tudo isso com meus próprios olhos. Comprei as passagens, fui bem na cara-dura e com o coração aberto. Cheguei lá e não acreditava inteiramente no que via. Comecei a andar pelas ruas, pegava o metrô, conhecia os pontos turísticos, tudo muito maravilhoso, mas minha ficha ainda não caíra. O frio castigava, o que exigia que eu usasse meu sobretudo, só me faltava a coruja na mão para ter a minha realidade tal e qual o meu sonho, a realização concreta da imagem que vivia no meu imaginário há tantos anos. Vi e senti a discriminação, a violência, todos os grandes defeitos que já imaginava deparar, mas aquilo não me afetava, era a realidade, nua e crua, e tão melhor do que um sonho! Então, decidida a conhecer de perto os locais que inspiraram todos os livros e filmes que tanto me influenciaram, fui lá, comprei meu ticket de trem e me mandei pra Oxfordshire. Ao entrar no trem me arrepiei, era como se um filme da minha infância estivesse em exibição na minha frente. Me sentei ao lado da janela e me perdi no tempo observando a vista que sumia rapidamente a medida que o trem se movimentava. Quando cheguei, depois de muito andar por ruelas estreitas e por prédio antigos, me deparei com o prédio da universidade dali. Quando vi aquilo, eu fiquei paralisada, e uma onda de emoção me varreu de cima a baixo, e eu chorei. Confesso, chorei. Regressei à minha infância, totalmente. À minha frente, o cenário perfeito de meus sonhos, da minha imaginação, de todas as descrições de livros, tudo real. Me sentei na grama, senti o sol do meio-dia bater no meu rosto, e sorri, desejando ficar ali pra sempre, desejando nunca mais acordar de meu sonho.Lúhttp://www.blogger.com/profile/13709515434553338695noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-7619046085624501116.post-24350440728623631702009-03-31T01:57:00.000+01:002009-03-31T01:58:58.154+01:00DaughtersPais, sejam bons com suas filhas. Pois as filhas são filhas e filhas terão. Pais, aceitem seus problemas, aceitem seus defeitos. Afinal, filhas são o seu quadro mais bonito, mas aquele que se desenvolve por conta própria, que foge da mão e da vontade do artista. Deixem que tenham cores, quantas quiserem ter. Afinal, a tinta é sua, a tela é sua. Pais, que deram o <span style="font-style:italic;">Canvas</span>, deixem que a pintura se renove e ande sozinha. Deixem que a imagem saia do retrato, que saia caminhando por aí. Mas pais, todos os pais, não se esqueçam, sejam bons. Sejam bons, e amem com imenso amor. Pois as filhas vão amar como vocês. Mostrem o mundo e todas as suas possibilidades, abram os olhos, mostrem as diferenças. Expliquem que o mundo é colorido, branco, negro, azul. E o mais importante, ensinem que o importante é isso, colorido por dentro, por fora. Multicolor, ensinem suas filhas então. E elas serão coloridas e vão colorir o mundo descolorido de alguém. Elas serão boas como vocês foram, e amarão com imenso amor quem as ama também. Pais, ensinem suas filhas a amar a vida, sejam amantes dos sentidos. Experimentem, sejam pais e acima de tudo, sejam amigos, sejam amantes, sejam vibrantes, sejam cor, sejam brilhantes. Ensinem a ver a beleza em qualquer alguém, em qualquer vida. Sejam, antes, fascinantes. Se descobrirem que não o são, sejam coloridos, ou incolores, como são. As filhas vão amá-los de qualquer maneira, sejam vocês cinzas, nulos, roxos, amarelos. Só, por favor, tenham cor, qualquer cor. Muita cor, furta-cor. Mostrem arte, a sua arte. Sejam arte viva e vivam cor. Sejam cor viva e vivam arte. Enfim, vivam. Com cor, ou não. Suas filhas coloridas serão, quer vocês queiram, ou não. <br /><br />"<span style="font-style:italic;">So fathers be good to your daughters, cause daughters will love like you do..."</span>Lúhttp://www.blogger.com/profile/13709515434553338695noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-7619046085624501116.post-79416541212518144572009-03-29T15:36:00.000+01:002009-03-29T15:37:57.507+01:00desfeito desabafo malfeitoPreciso tocar, preciso ver, preciso ver se você é real, animado, vivo. Vê-lo bem de perto, admirar os infinitos detalhes de você. Preciso observar as nuances da sua pele. Preciso mergulhar nos teus olhos, ver se consigo ler neles um épico, um conto, um poema. Quero te ver sorrir, bem de perto, e quero ser o motivo de um sorriso. É pedir demais, eu sei. Te abraçar, sentir tua boca, sentir o aroma. Preciso ouvir tua voz, preciso. E tenho medo. Medo de não ser eu tudo o que imaginava, medo de que eu não seja a realidade esperada. Medo de mim. Nos meus olhos só o que se lê são pensamentos soltos, e nos seus há tanta poesia...<br />Tenho medo de não ser eu como sou. Quando te ver, receio não conseguir disfarçar. Mas sempre acabo assim, esperando. Espero o tempo que for, paciente. Ignoro os demais. Preciso de você, real, humano, errado, e aqui. E preciso agora. Mas antes, preciso me livrar desse vazio, me libertar dessa ilusão. Ei! Coração? Faça me o favor!? Pode ser agora?<br /><br /><br /><br />estou zerada, deu pra perceber.Lúhttp://www.blogger.com/profile/13709515434553338695noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-7619046085624501116.post-63100530140527910812009-03-16T01:20:00.000+00:002009-03-16T01:21:09.605+00:00Finalmente me tornei um mortal.Começo essa história breve e triste pelo começo. Obviamente.<br />Não prometo muito dessas linhas, nunca fui bom em contar histórias. Minto, era bom sim, mas em inventá-las. Contar verdades não é, nunca foi, o meu forte. Mas deixemos de enrolação. Te confesso que muito me dói lembrar essa história. Mas entenda, preciso desabafar. Logo, o que lerá aqui é um tanto inédito, sinta-se honrado, ou não. <br />Eis o que eu era: um boêmio, solto na vida, com toda a mordomia. Meus pais não me recusavam nada. Não sei se era uma compensação pela pouca atenção que me tinham oferecido. Não sei se era pela frieza com que às vezes me tratavam. Era como se quisessem se redimir, todos os dias, como se não bastasse tudo o que já faziam. Pais são sempre assim, não? Se brigamos, esquecemos, porque amamos. Mas eles, às vezes, parecem estar sempre tentando remendar alguma ferida de que nós nem mesmo lembramos. Pronto, lá estavam eles. Me defendiam a qualquer custo, sem nem pensar em duvidar de mim. Não que eu os culpe, longe disso, mas me parece que muito do que fiz foi devido ao tratamento que me foi dado. <br />E era eu, jovem, bonito e inteligente. Com tudo o que eu queria, ao meu alcance. Um dia, vi um colega de quem não gostava andando sozinho na rua, à noite. Não que fosse adepto da violência, mas resolvi dar-lhe uma lição. Entenda, ele não me respeitava como eu queria ser respeitado. Quando me via andando pelo corredor, não se sentia intimidado pela minha presença. Um perfeito idiota, em resumo. Pois bem, fui até ele, ensinei-lhe algumas coisas. E a partir dali, nunca mais vi o infeliz. Nada que ele fizesse poderia me atingir. Obviamente, contei a vantagem. E se houvesse alguém que sequer cogitasse de me confrontar, ou ignorar, esse alguém nunca o fez. <br />Então, quando peguei meu carro, senti que o mundo era meu. Sabe quando se sente que nada poderá detê-lo? A velocidade era o meu maior vício. Passava ao lado dos comuns e medíocres, vivendo suas vidinhas miseráveis e sem graça, mas não me contentava em ultrapassá-los, gostava de dar uns sustos. Gostava de sair acelerando, 80, 100, 120, 140... Sentir o vento no rosto, quase como se estivesse voando. Ali, me sentia mais imortal do que nunca. É bem verdade que uma vez, em uma de minhas corridas, atingi um senhor que atravessava, mas fui esperto o bastante pra fugir a tempo. Não sei o que lhe aconteceu, mas, sinceramente, não me era de muita importância. Me diga por que o cidadão atravessava a rua, vendo que eu me aproximava? Não lhe disseram que o certo é olhar para os dois lados antes de atravessar a rua? Honestamente, eu não entendia. Sempre tive nojo de pedestres. Gente inútil, gente comum. <br />Não vou mentir aqui. Bati o carro diversas vezes. Mas sempre ganhava um novo, como consolação. Saía das festas tão frequentes sempre um pouco ébrio, é verdade. Mas eu era imortal, invencível. Pois bem, como eu nunca poderia imaginar, eu não era imortal, nem um pouco. Pense em um dia chuvoso, um passeio em alta velocidade, certa dose de Etanol. Me sentia como um herói, aquela chuva batendo, um obstáculo a mais para a minha corrida, meu caminho de ser invencível. Via os passantes cautelosos, acelerava e, ao atravessar uma poça d’água, os encharcava. Achava o máximo aquilo, mais uma prova do quão invencível eu era. Mas bastou um momento, uma distração, uma combinação de fatores, e cá estou. Primeiro só o que ouvi foi um baque, só o que vi foi um branco infinito. Sentia dores, ouvia vozes, mas não conseguia discerni-las. Parecia que aquele inferno disfarçado de paraíso não acabava nunca. Às vezes sentia como se estivesse me afastando do branco, me afastando das vozes. Mas voltava ao mesmo lugar, com o meu sangue pulsando e equalizando a minha dor. Parecia uma eternidade, aquilo tudo. Mas era imortal, tão imortal. Estava no Olimpo, um pouco dolorido, mas quem me garantia que aquilo não era a morada dos deuses, dos imortais? Essas minhas alucinações me anestesiaram. Até que acordei. Vi vários rostos preocupados me observando, que se transformaram em sorrisos, e senti um calor imenso de abraços infinitos. Viu? Tudo estava bem. Comigo tudo acabava bem. É certo que a dor perdurava, mas era pouco perto da felicidade que eu sentia. Um Imortal, como eu mais uma vez provava ser. Estava tão feliz e, provavelmente, há tanto tempo sentado, que nem sentia minhas pernas. <br /> Alguns dias mais tarde, ao tentar me levantar, caí. Uma sensação estranha, como se algo tivesse falhado. A enfermeira veio correndo em minha direção, com uma expressão no olhar que era um misto de pena e preocupação. Recusei a sua ajuda. Disse que minhas pernas estavam dormentes e que era só questão de tempo para me acostumar. Mas ela agarrou meu braço com mais força e não soltou. Então, a verdade me atingiu em cheio. Tudo ao meu redor desabou. Não conseguia dar um passo a frente. A enfermeira me levou até a cama e só então percebi a cadeira de rodas postada ao lado da janela. Eu, imortal. Provei que era imortal. Mas finalmente me tornei um mortal. Preso, vulnerável. Eu, que pouco temia a morte, agora temia a vida. Eu, viciado em velocidade, fui rápido demais. Fui além de mim, além do que podia suportar. Eu, que Zeus me sentia, meu calcanhar de Aquiles me ferira. Fui Imortal, sou mortal. Vivo meio, metade. Sou meio imortal. Meio mortal. Meio humano, meio metade. <br /><br /><br />merece um O.oLúhttp://www.blogger.com/profile/13709515434553338695noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-7619046085624501116.post-17093979312936487302009-03-07T17:48:00.001+00:002009-03-07T17:50:43.264+00:00Me and Mr. JonesAh, meu caro Jones. Lembro dele ao olhar um retrato, lembro dele quando sinto cheiro o cheiro da chuva, o cheiro de pão. Não éramos um casal bonito, com certeza não. Nem ele era tão obviamente belo. Mas a mim era. Talvez sua beleza residisse nos seus gestos, no seu toque, no seu sorriso talvez. Ah, eu adorava aquele meio-sorriso natural. Adorava bagunçar seu cabelo, seu cabelo bagunçado. Amava o cheiro de roupa nova e perfume masculino que ele exalava. Cheiro de gente? Pouco, seu cheiro não parecia muito humano. Mr. Jones era assim, humano nos gestos e na aparência, mas cheirava a elegância, sisudez. Mr. Jones nunca sabia o que queria, eu não me importava muito. Mr. Jones às vezes se fechava no quarto para rabiscar alguma idéia. Não se achava muito erudito, mas suas palavras pareciam arte barroca. E eu, tão pouco entendida, achava tudo bonito, tudo que ele escrevia... Não precisava entender para apreciar. Pareciam música, suas palavras. Sentia vontade de dançar ao som delas, mas me contive. Ah, eu amava aquele tempo. Fazer um pão quentinho pela manhã, às vezes <span style="font-style:italic;">brioches</span>. Rir das minhas comidas desastradas. Sentar num café em fins de tarde, para um <span style="font-style:italic;">brunch</span>, esticar a conversa um pouco mais. Caminhar pelas ruas da cidade, pelas casas coloridas, sobre o pavimento irregular. A chuva sempre nos pegava desprevenidos. Mas era tão bom. Ficar ensopado com chuva de verão. Chegar em casa depois, tomar um banho quente e ficar debaixo do edredom. Aí, acordei. Tinha chegado ao fim do caminho. O cobrador cutucava meu ombro levemente. Quando desci, vi Mr. Jones passar. Olhando para o chão, pensando no seu próximo poema. Me cumprimentou com o olhar, de longe, e seguiu caminho. Ah, Mr. Jones. Ele nem imagina...Lúhttp://www.blogger.com/profile/13709515434553338695noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-7619046085624501116.post-29225734077009208422009-02-27T12:10:00.002+00:002009-02-28T03:34:51.446+00:00A balada de um cara legalEdmundo era um cara legal. Edmundo não gostava de seu nome, mas era tão legal que não ousava reclamar. Gente fina, diziam de Edmundo. Gente finíssima. Tudo porque Edmundo engolia todos os desaforos e todas as maldades que lhe eram aplicados. Perdoava com a facilidade de respirar. Não guardava rancor. Que legal, hein?<br />Edmundo gostava de fazer graça, fazia rir, sem esforço. Enfim, era um cara legal. Mas, legal ou não, era só um cara. Ninguém sabia seus segredos, seus defeitos. Edmundo era pouco pontual, mas mesmo assim, um sujeito agradável. Edmundo despertava o interesse de uma ou outra garota, mas ele tinha um segredo: Sonhava loucamente com uma moça sem rosto, que o fazia feliz. Sonhava tanto que esquecia de torná-la real. Edmundo às vezes dedilhava seu violão, por força do hábito, ou não. Gostava de sorvete de limão e tinha um vício secreto por desenho animado, Dickens e Johnny Cash. Mas disso poucos sabiam. De quê adiantava? Edmundo era apenas um cara legal, e isso bastava. Um dia, Edmundo viu seu mundo mudar. Seus amigos conheceram Eduardo, outro cara legal. Tão, tão legal, que chegava a ser mais engraçado, mais gentil, mais simpático do que Edmundo. Vê se pode! Nosso caro Edmundo se viu encurralado pela própria mediocridade, ofuscado pelo brilho de um estranho-maravilha. Edmundo, agora, era só um cara. Ponto.<br />Resolveu radicalizar, ser muito mau. Não mais ignorava as pauladas e os pisões de pé que levava. Edmundo revidava. Saiu em busca da garota sem-rosto de seus sonhos, tentou encontrar um rosto para ela. Tentou uma, outra, às vezes pensava que a tinha encontrado, mas a perdia novamente. Talvez ela fosse simplesmente fruto da imaginação do Edmundo-super-legal que ele fora. O novo Edmundo chutava o pau da barraca, rodava a baiana (mais do que o necessário, verdade.), dizia o que queria para todos que quisessem ouvir, todos os seus segredos, seus gostos e desgostos. Lia Dickens no pátio do colégio, ia ver algum desenho no cinema, ouvia Johnny Cash bem alto no seu quarto e comia muito sorvete de limão. Ainda tocava seu violão, claro, dessa vez em público, sem vergonha de mostrar quem era. Por hábito, ou simplesmente por puro prazer. Queria provar alguma coisa ao mundo, mas não sabia o quê. Começaram os cochichos: <br />- Mas Edmundo? Ele era tão legal!<br />Achavam-no esquisito. Alguns acreditavam ser Edmundo um cara do mal. Da maneira que fosse, descobriram que Edmundo não era só um cara legal, nem muito normal. E era tão legal não ser um cara legal, não ser um cara normal. <br /><br /><br />(O.o)Lúhttp://www.blogger.com/profile/13709515434553338695noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-7619046085624501116.post-64570249946498755992009-02-18T15:00:00.001+00:002009-02-18T15:01:39.016+00:00Requiem para meu avôFaz quase um ano que ouvi tua voz pela última vez. Engraçado como o teu timbre ainda ecoa em meus ouvidos. Me traz uma calma santa, mas entristece. Tenho tudo como uma lembrança bonita, um filme preto & branco que assisto no drive-in mais próximo. Um filme retrô, com a fita um pouco gasta, que o tempo gastou. Engraçado como tua ausência me faz reviver o passado, sempre, mas sempre esperando o futuro. O futuro que desejava pra mim, e pra ti, e pra todos nós. Como lembrar de ti me faz lembrar que não quero mais crescer. Chega dessa história de virar gente grande, chega! Ir perdendo pessoas pelo caminho, como perder pedaços da minha história que só permanecerão em minha memória. Tuas histórias, tuas conquistas, o teu amor gigante por tudo é o que me faz continuar. Te guardo numa caixinha, as fotos já um pouco gastas e o pouco de concretas recordações que tenho de ti. Te guardo também no meu coração e te carrego nele por onde vou, pra todo lugar. O meu coração, saiba que você estará sempre dentro dele, assim como sei que estarei sempre dentro de ti. Onde quer que você esteja... <br /><br />Para Egon, em pessoa ou em memória.Lúhttp://www.blogger.com/profile/13709515434553338695noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-7619046085624501116.post-83872844201306902142009-01-27T00:30:00.001+00:002009-01-27T00:34:22.580+00:00IntelectoTecia comentários a todo o momento, era insuportável, se queres saber a minha opinião. Sabia tudo, disso tinha certeza, acreditava que sabia todos os segredos do mundo. Sentava-se a mesa e se postava a falar coisas sem sentido, acrescentando vocábulos rebuscados para parecer mais intelectual. Tão intelectual, e tão fútil. Fingia-se <span style="font-style:italic;">blasé</span>, mas não conseguia perdurar, sentia necessidade de simpatia, de humanidade. Mas nunca admitiu, nunca! Ser uma comum. Ser medíocre? Nunca! Tanto fazia que nem mais suportava sua própria intelectualidade. E que intelecto falso, por sinal. Sentava-se em cafés à meia-luz, discutindo questões filosóficas ou dissertando a respeito de um certo teórico do qual nunca ouvira falar. Mas falava bem, falava bonito. Acreditavam nela. Obviamente, ninguém a suportava. Mas possuíam certo respeito por sua superioridade e por seu grande conhecimento. Se existe alguém que sabe falar bem de coisas que não sabe, esse alguém é ela. Ela enganou a mim, que me sentia muito menos na presença dela. Teu intelecto fútil, meu intelecto inútil. Inútil eu me sentia, pois sabia muito, mas não sabia enfeitar minhas palavras e não possuía o talento para a dissimulação. Muitos tique-taques depois, eu, que vivia feliz e aceitando a minha normalidade, vivia bem. Encontrei um dia ela em um banco de praça, imunda e fumante. Tragava como se aquele fosse seu alimento. Ela, que no início nem gostava de fumar, fumava pra fazer pose, para se sentir mais cult. Agora parecia uma cadela, esquecida. Fedia muito, e tinha olhos de louca. Às vezes bradava aos passantes, tecia xingamentos, não mais comentários. Citava poesias, com um drama desnecessário, como se não soubesse mais medir o limite entre o teatro e o exagero. Os passantes não lhe davam ouvidos, e eu fiquei me perguntando mil coisas, olhando pra ela com pena. No fim, toda a sua farsa não lhe adiantara de nada. E tudo que ela queria era ser amada, ser apreciada, no fundo era isso. Pensei que preferia ser eu, pouco brilhante, mas apaixonada por tudo que fazia, do que definhar por não poder ser verdadeiramente genial. Ela queria ser como os ídolos drogados de outras gerações, desculpar a genialidade pelo vício. Mas de que servira tanta ostentação e fingimento? De nada, foi inútil. Posso ser fútil, posso ser limitada e contestável. Mas fingir o Saber é inútil. Meu intelecto, fútil talvez, teu intelecto inútil.<br /><br /><br />diarréia mental.Lúhttp://www.blogger.com/profile/13709515434553338695noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-7619046085624501116.post-17547098598664985882009-01-23T01:23:00.002+00:002009-02-02T00:59:52.823+00:006 (Somewhere near Finchley Road)Férias, criatividade nula.<br /><br /><br />Ok, now, why do people have to celebrate birthdays? I don’t like birthdays, I just like my own, you know, when I’m aloud to do whatever I want to do and people give me presents and stuff. I don’t know why they give me presents anyway, cause sometimes I can be so annoying that I don’t understand why I have friends at all.<br />Alice is not even my friend, she is Tom’s friend or, even better, she is Tom’s ex-girlfriend. I barely know three of the guests and these three people are my brother, my sister and a Tom’s ex-classmate from college. I’m just eating a cold piece of a terrible pizza and everybody around me is pretty talkative and happy. And they speak so loudly that everybody in the place is looking at us. I don’t like to be observed, it’s not my thing… But it seems to me that this weird group that I’m in right now is pretty much the exact opposite of me.<br />Happy people, always happy, happy all the time! Ugh! I’d give anything to be at home, eating croissants and stuff. My mobile rang just in the right time, and I had to leave to answer it. <br />- Hi honey, how’ve you been?<br />Yes, my crazy, depressed and melodramatic brother James, he ran away twelve years ago, because he had a huge fight with Dad. I am the only one he gets in touch with through all this years, and even then, he calls me just one time, every year, from a phone box, and when we found his number on the yellow pages, we tried to call but no one answered. Yes, pretty weird story, my brother is a total weirdo. But I kind of understand him, I mean, I would have probably done the same if I were him.<br /><br />- Ah, you know, getting through. And you?<br />- I’m handling it all very well, I mean, today we went to the cemetery…<br />Okay, now, it’s been three years already!!! He should get over it, for god’s sake!! He still talks about the same stuff. Before his wife had died he called just to say hello and to ask about Tom or me, he doesn’t like Jade either, I think a very small amount of people like Jade, you see, she is totally mental. <br />- Okay, good. Hang in there, James. And how is the work going?<br />- You know, sometimes I still can’t believe this, she was such an amazing woman, you know… I miss her so badly, it’s pretty sad…<br />- Ok, I agree. <br />He is not capable to talk about anything besides sadness… I’m pretty sure he is depressive. I don’t like him very much, you see… he left when I was fifteen and I we didn’t know each other very well, cause he was always weird and very quiet, but I kind of admire him, after all. And in the end, he decided to hang up. I used to worry about him, but not anymore. Let’s face it, he is a bloke who decided to be miserable, so let him be. I’m miserable too, but I have to admit that his reasons are more, how can I say, meaningful.Lúhttp://www.blogger.com/profile/13709515434553338695noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-7619046085624501116.post-4542291180525615472009-01-13T16:24:00.002+00:002009-01-13T16:26:12.422+00:00quinto capítulo :BEU SEI que ninguém lê esses textos e que eles são muito impopulares, mas estou com diarréia mental e não fui capaz de escrever nada novo :F<br /><br />5 (at home)<br />Ok, Tanya is not here, that’s good. Now I can eat my croissant and stay in my couch watching Eastenders. Feels good.<br />Shit! Why do people use telephones? My phone just rings in inappropriate times, for example, when I’m in my cozy blanket eating loads of croissant and being a normal lazy human being.<br />- Wake up, you sucker! Don’t tell me you’re eating croissants and watching TV!<br />My beloved brother Tom<br />- How do you know I’m eating croissants?<br />- Mom called me two minutes ago, to tell you came to visit and to complain about my inability to be a good son and visit them. About that, thanks so much, sista!<br />- I’m really a wonderful daughter, you should take me as an example.<br />- No thanks, it’s already too much living in the same city and having to see them on Christmas and New Year’s Eve. I don’t like to be a good son.<br />- It’s cause you’ve never been one.<br />- Ouch! Ok, I called you to remember Alice’s birthday, it’s tomorrow, I know you forgot it ‘cause you have the worst memory in the world. And as I can’t be a good son, at least I’m a terrific brother!<br />- Haha. What time is it?<br />- Eight thirty. Be there. And good Eastenders for you!<br />- How do you know??<br />My brother is awesome, he’s one of the few people I like. Sometimes he can be a pain in the arse, but whatever, I’m one too and I like myself, at least when I don’t do horrible things and feel like a monster.<br />Ah, it’s raining now, I love the rain. I know, lots of people don’t like it. I don’t like the rain when it’s too much, you know, raining all the time, but I love to sleep hearing the sound of the rain, I love to watch TV when it rains! I could easily stay like this forever. I’ve decided, right now, that I’m not going to get out of this couch, ever! I will die in this couch, I will never get up. This is my life’s resolution!<br /><br />Why?? I hate telephones! Why do I have one, anyway? Oh, yes… it’s Tanya’s fault! I hate telephones! And the phone is so far from the couch, bye bye life’s resolution!<br />- Yes?<br />- Robin, hey, here is Jade. Where are you?<br />- At home, of course. – You see, I was forced to betray my resolutions, I wasn’t happy at all.<br />- Ok, easy, easy. Don’t be cross!<br />- What do you want?<br />- Ok, I need some clothes…<br />- From me?<br />- Yes, of course, you silly!<br />- But you’re loads smaller than me!<br />- Oh, dear… that’s not a problem! See, I need it for a friend!<br />- What?<br />- Yes, you know my friend Kate, do you? Well, she is nine months pregnant and she needs a dress for a party, and I immediately remembered you!<br />Oh, great! My super fitted younger sister who thinks she has the right to destroy my self-esteem. I’m normal size, more for love, but still, this is cruel, you know. She always does that, that horrible bitch!<br />- Listen, Jade… I don’t think my clot…<br />- Oh, oh! Don’t even bother to answer, I’m on your street now, I’m coming… see you in a bit!<br />Kathy puts so much make up on that when you come closer to her you can feel the smell of make up. Always with clingy outfits and all happy and smiling. She enters my room and starts to mess up my closet. Ok, I have to admit, my closet is a mess by itself, but my sister ruining all the few organization that’s left is not going to help very much. <br />Ok, now she is leaving with two dresses in her arm and complaining about my flat and how much she could help me if I let her redecorate it. I hate my sister, I really do. Fortunately, I finally managed to kick her out of my apartment before I had no choice unless to kill her. And now I deserve to sleep cause there’s nothing better after a long, long day, which include death, my weird parents, and a pleasant visit from my adorable sister.Lúhttp://www.blogger.com/profile/13709515434553338695noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-7619046085624501116.post-52226369596148033892008-12-22T01:01:00.001+00:002008-12-22T01:06:46.303+00:00Sorrisos em PasomodoLogo que cheguei a Pasomodo pensava recomeçar a minha vida. Cheguei nu, humilhado, sofrido. Mas ninguém me conhecia. Digo, os que me feriram não mais podiam me alcançar, estava cercado de desconhecidos, mas estava mais seguro, como nunca havia estado. Às vezes penso que o melhor que fiz foi fugir para lá. Fugir de lá, para cá. Uma cidade pequena, de ar bucólico, onde a vida e os dias passavam devagar, devagarzinho. Sentava no banco da praça e ficava ali, lendo um jornal, por vezes, ou por muitas, lendo nada. Fazendo nada. Gostava de ver que todos me cumprimentavam, sem nem saber quem eu era. Se fosse eu um assassino, sorririam para o assassino, se fosse eu um cavalheiro, sorririam tanto quanto, na mesma intensidade.<br /> Os sorrisos me fascinavam, sempre me despertaram fascínio. Às vezes penso qual é o segredo, a magia de um sorriso. Sua alquimia, tão fascinante, tanto que, ao receber um sorriso, sorrimos de volta... contagia, inebria, engrandece. O simples ato de sorrir me era o mais importante dos gestos. Adoro os sorrisos, são tão brancos, muitas vezes não o são, mas são cercados de uma pureza, de sinceridade. Adoro os sorrisos, mesmo os falsos. São falsos, é verdade, mas embelezam o mundo. Eis então, a coisa que mais me fascina nas moças, e daquela cidade em particular, o sorriso. As dentaduras perfeitas, todas abertas, escancaradas. As mais amareladas, ou as dentuças, nenhuma deixava de sorrir, e todas lindas, alegres, contagiantes. <br /> Era em um <span style="font-style:italic;">circus </span>da praça que a vi pela primeira vez. Uma banda tocava músicas belas, por vezes um pouco sonolentas, confesso, mas muito belas. E belas também dançavam as moças, todas vestindo vestidos de trapos. Disse eu que eram belas? Eram sim, mesmo com trapos. A mais linda de todas, era a que dançava enquanto coloria um painel disposto no chão. Suas mãos encontravam e desencontravam a tela, faziam arcos, suas mãos cheias de tinta, de aquarela, espirravam o branco celestial do chão onde tocava, onde se enrolava. Via aquilo tão imensamente hipnotizado que às vezes pensava estar sozinho na frente dela, e me dava urgência de tocá-la. Quando a vontade dava um passo à frente, minha razão me trazia de volta. Quando estava prestes a chegar mais perto, algo me impedia, por vezes o bandolim, quando era tocado mais vigorosamente, por vezes minha própria <span style="font-style:italic;">desalucinação</span>. E no final, como que para prolongar minha tortura, como se soubesse das minhas maluquices, a moça olhou para o público e sorriu, cansada de pintar o quadro a seus pés. <br /> O quadro ficou exposto no pórtico da praça, para meu infinito desespero. Passava todos os dias por ele, mas não conseguia mira-lo. Tive que mudar meu caminho, trocar de direção. Aquela arte me inspirava e atormentava meu mais profundo ser. Aquele colorido que eu não podia ver, mas que chamava meus olhos sempre que via eu me aproximar, era a lembrança sempre presente daquela dança, daquele sorriso. Passei a sentar-me em frente ao <span style="font-style:italic;">circus</span> todos os dias. Já não queria mais resistir. Todos os dias, do amanhecer ao anoitecer, lá estava eu, postado, esperando por ela. Esperando ver aquele sorriso mais uma vez. E quando ela cruzou o meu caminho, não sorria. O sorriso que eu imaginava, que eu fantasiava, não existia. Corri em seu encalço, a moça se virou e me olhou fixamente nos olhos. Seus olhos, antes tão expressivos e cheios de releituras, agora estavam vazios, seu olhar não me dizia nada. Seu rosto, inchado, se converteu em uma careta ao perceber o meu torpor decepcionado. Assim, ela se foi, e eu fiquei esperando por mais um sorriso seu. <br /> Não desisti da minha espera, todos os dias, no mesmo lugar, no mesmo banco da praça. As pessoas, antes tão simpáticas, não mais sorriam pra mim, mas me viam como um bicho, um reles animal, vestido em trapos, farrapos. Trapos estes não tão belos quanto os das moças. De forma nenhuma eram belos, se o que envolviam era apenas o corpo fétido de um maluco apaixonado. Esperei naquele mesmo lugar, durante dias e dias da minha existência. Em uma tarde outonal em que me dirigia ao meu ponto, vi um cortejo fúnebre passando paralelo a mim. Vi que depositavam em cima do caixão pinturas muito semelhantes àquela exposta no pórtico. Vi pessoas chorando, ouvi o que comentavam.<br />- Que belo sorriso tinha a moça!<br />- Belíssimo! A ponto de enlouquecer os homens, loucura que pôs fim a sua loucura.<br />- Crime? Passional?<br />- Não, pôs fim a si mesma. Deu fim a loucura que a consumia, e que consumia a todos que se deixavam consumir por ela.<br /> Não podia crer no que ouvia. Boquiaberto, sem reação, parei, no meio da multidão, que passava por mim, mas não sorria. Naquela cidade ninguém mais teve coragem de me dar um sorriso. Derrotado, segui meu caminho, à procura de outros sorrisos e de uma moça louca o bastante para sorrir para mim, todos os dias, o dia inteiro, por toda a minha existência.<br /><br />(o.O)Lúhttp://www.blogger.com/profile/13709515434553338695noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-7619046085624501116.post-78498622138668972122008-12-11T23:23:00.004+00:002008-12-11T23:26:07.111+00:00the ballad for the broken heartedUm exército de corações partidos. Todos, marchando pelas avenidas. Foram reivindicar o paraíso perdido, o coração enlameado, dilacerado. Pediam compaixão de seus amantes, traziam no peito uma mancha negra. Um buraco negro.. Seus tesouros todos espalhados pelo chão, não mais distinguia os bons em meio aos decepados. Ás vezes parava para observá-los. Pareciam almas, perdidas. Gritavam, choravam, pediam de volta os bons momentos roubados, entre lágrimas. Soluços. A agonia crescia. Via por todos os lados formas, vultos, incógnitas. Pessoas perdidas, românticos fracassados. Perdiam-se na nuvem de gente, mas agora apareciam... apareciam para mim, que nunca os tinha percebido. Eu, que via esta cidade cinza, cheia de cinza, cinza, <span style="font-weight:bold;">cinza-nulo</span>, preto, <span style="font-weight:bold;">branco-nada</span>. Tudo agora parecia escarlate, um púrpura talvez. As cores me pareciam apagadas e vivas ao mesmo tempo. Via tudo em câmera lenta, via esta cidade errada, que errou comigo, que errou com seus soldados, do exército dos corações partidos. Agora, que tivera meu coração árido partido em dois, pela primeira vez os via, todos que passavam por mim como fantasmas. Agora que estou na luta, agora que faço parte do mundo dos desafortunados no amor. Mas pareciam todos felizes, os desventurados, choravam, mas cantavam também. Talvez não fossem tão amargurados assim, aprenderam a remendar. Colaram o band-aid, o curativo assim como eu aprendia a me curar também. Agora, está tudo em paz. Não há música, estou em um filme mudo, em uma cidade muda, em uma gritaria muda. Agora vejo em mim o reflexo, aposentado no amor. Agora, que sou soldado, soldado do amor, sou desertor.<span style="font-style:italic;"><span style="font-style:italic;"></span></span>Lúhttp://www.blogger.com/profile/13709515434553338695noreply@blogger.com10tag:blogger.com,1999:blog-7619046085624501116.post-43669782632568980752008-11-29T02:13:00.001+00:002008-11-29T02:16:22.706+00:00Dedilhava meu cello.Dedilhava meu cello. Até os dedos sangrarem talvez. Meus dedos, coitados, nunca mais foram os mesmos. Não era <span style="font-style:italic;">Stradivarius</span> e, de início, o via apenas como um frio pedaço de madeira. Mogno, Cedro, Ébano, Maple. Frio? Não, frio nunca fora. Morno, talvez. Não digo que era desprovido de graça, mas a mim parecia apenas mais um. Cresci, minha mocidade aflorou, fui refém de outras paixões, e meu cello sempre lá. Intacto. Fugi, e recorri a ele. Meu esconderijo, meu mundo e só. Passava com ele alguns minutos, que se reverteram em horas, dias. Não mais pensava em outro alguém. Ou algo. A sinfonia dos meus dias se converteu em obsessão. Uma suíte tocada, a cada <span style="font-style:italic;">Adágio</span>, <span style="font-style:italic;">Andante</span>, <span style="font-style:italic;">Alegretto</span>, cada concerto, todos na solidão de minha habitação. <span style="font-style:italic;">Boccherini, Reger, Elgar,</span> todos. Reclusa ficava, dias e noites a delirar, somente na companhia dele, recolhia-o entre minhas panturrilhas, abraçava-o forte. Nunca te abandonei, revelei-lhe baixinho, ao pé do ouvido. Abraçava forte, o amante cor: morena. Nas passadas em <span style="font-style:italic;">brio</span>, meu coração transbordava, alucinava. Passei noite em claro, dia em breu, com meu cello ao lado. Suava frio ao vê-lo, meu amante, meu amado. Tanto que pequei ao meu ser. E as luas, Nova, Cheia, Minguante, Crescente (não necessariamente nessa ordem) diziam: <br />- Cabe loucura maior? <br />- Cabe isso?<br />- Cabe o quê? – Perguntava à Nova, nova e inocente que era.<br />- Cair-se de paixão por um violoncelo. <br />Quem são as luas para dizer? Apaixonam-se como garotas púberes e inspiram aos amantes. Então, Lua Cheia me disse:<br />- Amamos, amamos, enamoradas estamos, somos astros. Amamos e somos amadas. Quem a lua ama, ama a lua de volta.<br />Não nego, aprecio ser amante da lua. Mas gosto do concreto. O único defeito nos homens é a boca, a capacidade de falar. Esse defeito meu caro amante não possui. Sou inteira e completamente resignada, me entrego a ele. E se eu velha assim ficar, meu companheiro estará ao meu lado, porque ele não envelhece nunca, e se envelhecer, melhor ficará. Ao contrário de mim, seu invólucro rústico ficará cada vez mais belo, e eu, enrugada em um canto, feia ficarei, a cada passo meu rumo à morte e ao meu desfeito estético, um passo dele a glória e ao reconhecimento. Serei amante, velha amante. Junto ao meu cello, tocarei até que minhas mãos não suportem encostar nada além de macios lençóis de linho, até minhas espaldas não mais suportarem o peso do seu cabeçote. Até meus pés se dobrarem em curva. Até o fim dos meus dias, e ao meu cello me despedirei com meu coração em pranto: Meu companheiro de notas, <span style="font-style:italic;">pizzicatos</span> e variações, te amei como nunca, meu amante, meu cello, meu amigo.<br /><br />o.OLúhttp://www.blogger.com/profile/13709515434553338695noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-7619046085624501116.post-91636968746847812852008-11-23T22:11:00.000+00:002008-11-23T22:13:05.934+00:00ah, se meu criado-mudo falasseAh, se meu criado-mudo falasse... Contaria todos os meus segredos, com certeza. Todas as roupas que lhe foram atiradas. Pobre criado! É mudo, não pode confessar seus anseios. As vontades de ser maior, mais imponente, um armário talvez. Mas se contentará em ser um reles criado. <span style="font-weight:bold;">Mudo</span>.<br />Suporta livros, presencia discussões e choradeiras. Noites em claro, quando não o deixo dormir. Ah, se não fosse o embaraço, o faria, leria para ele, talvez. Chamariam-me de louca, decerto.<br />Ah, se meu criado-mudo falasse... Contaria as milhares de vezes em que menti, uma mentirinha aqui, outra ali. Contaria as milhares de vezes em que o destratei, arrastei-o de um lado para o outro. Judiar, talvez.<br />Pelo menos se sentia útil, meu criado. Sempre <span style="font-weight:bold;">mudo</span>.<br />Ah, se meu criado-mudo falasse... Relataria, certamente, as milhares de incursões à frente do espelho, as diversas vezes em que duvidei de mim, e as centenas em que não gostei do que vi. Provavelmente me diria para não me preocupar tanto, ser quem eu sou. Eu não ouviria, é claro, quem ouviria um criado-mudo?<br />Ah, se meu criado mudo falasse... Contaria as <span style="font-style:italic;">n-vezes</span> em que ouvia música trancada no quarto, porta fechada. Dançando ou chorando. Loucamente. Como se ninguém estivesse vendo. Se fosse amigo, manteria segredo. Mas não é amigo, é criado. <span style="font-weight:bold;">Mudo</span>.<br />Regurgitaria todos os podres que teve de engolir, ia revelar quem eu sou. Catástrofe.<br />Mas o mantenho cativo, o pobrezinho. Meu criado. É mudo, graças a Deus.Lúhttp://www.blogger.com/profile/13709515434553338695noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-7619046085624501116.post-22298174005974145852008-11-13T23:34:00.003+00:002008-11-13T23:43:56.917+00:00Ele e ela"<span style="font-style:italic;">And this is the wonder that is keeping the stars apart, I carry your heart (I carry it in my heart)</span>" <br /> ee cummings<br /><br /><br />Ele era apenas um homem. Ela? Apenas uma mulher. Não, não era tão simples assim. Não era apenas uma história de amor, dessas de livros, de romance-mulherzinha, para se derreter e sonhar com o príncipe encantado, ou com aquela princesa linda, louca, delicada, deusa, virginal. Envolvia amor, era certo. Ou não tão certo assim. Seria paixão? Nunca se perguntaram, os dois. Um arco-íris de cores e sabores. A cada dia acordar com o friozinho na barriga, o que será que vai acontecer hoje? Vai haver surpresa? Ou será só a velha rotina? Não sabiam. Mas mesmo a rotina era excitante. Viviam dias melhores, aqueles tão requeridos em letras de canções. Não sabiam o que os esperava. Andavam de mãos dadas no shopping, sem se preocupar com o que significava aquele gesto. Iam à feira, às vezes... ou saiam para jantar, ou ficavam embaixo do edredom tomando alguma coisa quente, um chá, talvez, ou algo mais erótico, rindo e falando bobagens. Viviam felizes, sem nem cogitar o amanhã. Romeu e Julieta não eram, mas estavam dispostos a um sacrifício, para serem felizes, talvez. Não assumiam um compromisso, uma aliança, um papel assinado, uma promessa ou uma obrigação, viviam felizes assim, na incerteza total, sem saber do final. Um dia a sociedade se impôs, injetou o veneno, como uma cobra, e se ele fosse um pouco mais constante, teria encontrado a cura para ela, o veneno anti-ofídico.<br />- E essa história, pra onde vai?<br />- Não sei<br />E pensava, pensava, não chegava a nenhuma conclusão. Sua imunidade baixou, ficou vulnerável às agruras normais de uma mulher apaixonada, passou os dias seguintes pensando, refletindo. Por que ele não ligara? Aonde estaria agora? Por que ele não mudou o status do orkut? Por que ele nunca dizia nada,? Nunca oficializava nada. Faltava burocracia na relação, e isso não podia ficar assim! Ele a chamava de Honey babe, e ela não entendia. O que lhe custava de vez em quando dar um passo à frente? Dizer aonde ele queria chegar com tudo aquilo.<br />- Discutir relação? De onde você tirou isso?<br />E lá vinha a mágoa outra vez. Insensível! Cafajeste! Já devia estar com outra! Ou de certo ela era a outra, e ele já havia se cansado dos romancezinhos bucólicos. Tudo que era belo se transformou em mágoa, e corroeu. Mas ele era um romântico, dos mais primitivos. Nunca poderia ter alimentado essa doença, lhe diziam as amigas. Ela começou a pensar o quanto era infeliz, o quanto havia desperdiçado seu tempo com aquele imbecil. Fim de tudo, ela pensou. E ia na direção de seu destino, dizer a ele, estava tudo acabado. No fim da rua estava ele, esperando no carro, cansado do trabalho, só queria um banho e talvez o aconchego e o cheirinho dela. Pensava nisso, todos os dias, pelo final da tarde. Em um tom seco, rude e desajeitado ela se despediu, nunca mais queria vê-lo. E os bons momentos, querida? <br />Dos bons momentos não lembrava de nenhum, se foi, chorando, porque amava ele, e nunca tinha percebido isso antes. Teve ímpeto de voltar, mas enxergou a sombra do carro se aproximando.<br />- Só quero que você não me esqueça, e volte para casa. Lembre-se de olhar por onde pisa, e em quem pisa.<br />E ele acelerou. Para nunca mais frear. Eufemismo para a morte, nu e cru.<br />E ela, na sua sala enfeitada de flores, o chão acarpetado de pétalas de rosa, desfaleceu, sentiu o aroma de rosa, perfume de rosas, chorou, lembrou que ele não gostava de rosas, mas ela sim. Viu que algumas pétalas se grudaram em seu rosto e fechou os olhos, e num repente vieram a tona todas as memórias, os bons momentos. Todos os momentos de romantismo, de paixão. Não precisavam de nada, nada. Só o momento era crucial, e isso se perdera. Não eram Romeu e Julieta, mas não eram apenas um homem e uma mulher. Para ele, ela era tudo. Ele era também tudo, para ela. Mas ela percebeu, e foi tarde demais.Lúhttp://www.blogger.com/profile/13709515434553338695noreply@blogger.com7tag:blogger.com,1999:blog-7619046085624501116.post-3027234348925918662008-11-10T21:45:00.001+00:002008-11-10T21:45:48.806+00:00Mug AppreciationTinha uma tara por canecas. Canecas, todas as cores, os tipos, os tamanhos. Canecas pequenas, dignas daqueles cafés da tarde grandiosos, com cheiro de pão recém-tirado da fornalha. Ou, ainda melhor, canecas cheias de chá, café, frappé. Sentar à frente do computador em um dia frio. A caneca do lado, sempre, onde já se viu? Enrolar-se em um cobertor, como uma gata, lendo um livro, daqueles gigantes, épicos, delirantes. Viajar em um mundo de palavras, degustando cada gole da delícia que era. Chá, café frappé. Um dia, um vento traiçoeiro entrou forasteiro. Provocou um arrepio e um desastre. A caneca foi-se ao chão, destroçou-se, trincou em vários pedaços, de várias maneiras. Sua caneca preferida, dizia ela. Chorou, mais do que choraria por qualquer gente. Porque, entenda, ela amava canecas. <br />Perdeu-se, desanuviou a mente. Desvario total. Mas, entenda, ela amava canecas, mais do que a si própria.<br />- Não entendo<br />- Não é pra entender<br />Restou-lhe juntar os cacos, momento fúnebre, a morte de um ente querido.Lúhttp://www.blogger.com/profile/13709515434553338695noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-7619046085624501116.post-13242458482930817392008-11-06T00:40:00.001+00:002008-11-06T00:41:53.807+00:004o capítulo do livro em inglêsnão tinha nada pra postar, vai isso mesmo!<br /><br /><br /><br />4 (Hampstead)<br />I don’t know why my parents get so surprised when I arrive. I visit them often. At least, more often than James, Tom or Jade. I’m a blessing, they have to admit! The house is smelling after chocolate croissant and my mom is all around me, looking at me like a scientist looking to his experience. They force me to sit down.<br />- What’s the problem with you, lambkin? <br />My father is not capable to call me “daughter”.<br />- I’m ok… Tanya’s dad is, well, dead.<br />The room is silent, my mother seems to be thinking what to say.<br />- Oh, that’s why you look so bad, are you sure you’re not sick, hon? A cup of tea and my croissant will make you feel better, I’m telling you, you just eat rubbish, you never cook, you always eat fast food , things are changing, a nice meal in family is a rare thing nowadays…<br />And my mom keeps talking, my dad looks at me, he looks tired. See, that’s the effect my mom causes. She loves to complain, but at the same time she loves to pretend everything is fine, and everybody is happy and the world is colorful and that sort of thing. I mean, my roomie’s father dies and she is not capable to say: “Oh, that’s bad” or “how is Tanya doing? Send my regards” She is totally insensitive. But, if you think so… I’m a monster, but my father isn’t. YES! I bet my mother is a monster, that explains everything!! But, as I was saying, she doesn’t care about how Tanya is feeling. But, come to think of it, I didn’t know I cared that much.Lúhttp://www.blogger.com/profile/13709515434553338695noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-7619046085624501116.post-25333946442734752302008-11-06T00:40:00.000+00:002008-11-06T00:41:33.541+00:004o capítulo do livro em inglêsLúhttp://www.blogger.com/profile/13709515434553338695noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7619046085624501116.post-9859739535477344082008-10-27T18:19:00.001+00:002008-10-27T18:20:56.205+00:00Trechos esquisitos"This is my journal, it is full of sepia memoirs, do not look inside cause you may find, my world, my own world lost in time. People came and so they had gone away, are you sure you wanna stay?"<br /><br />"Everything here looks unreal, <br />my heart sank in disappointment<br />lost friends and so.<br />lose friends to row<br />don't lose me in your way back home."<br /><br />"sing along, even if there is no music. dance along, even if there is no rhythm. move along, even if you have no reason at all."<br /><br />"i want the sunlight over my head, and i want it now.. now that i just can't stop defeating, i can't stop breathing and i can't get enough"<br /><br />Não estou com vontade de postar coisas com sentido.<br />Agradeço desde já a compreensão.Lúhttp://www.blogger.com/profile/13709515434553338695noreply@blogger.com0